terça-feira, 20 de outubro de 2009

QUANTO TEMPO ?

Quase que diariamente me deparo com currículos de profissionais que sofreram ao longo de suas carreiras o que chamo de efeito “picos suíços”.

Na maioria dos casos são profissionais que ficaram por um longo período em um emprego e de repente como que perdem o “norte” e passam pouco mais de 10 meses ou 1 ano nos próximos 3 a 4 empregos.

As razões são as mais variadas para este entra e sai das empresas e cada um justificará e tentará convencer de que não havia outra saída, que não a saída.


Respeito todas as razões e justificativas, pois a maioria é de profissionais com excelente formação, muita experiência, éticos e comprometidos com resultados, para dizer o mínimo.

Por outro lado, algumas consultorias de primeira linha, e mesmo empresas, simplesmente descartam cvs com estas informações, não sendo levado em conta MBA ou pós-graduação do profissional.

Nem para uma conversa ao telefone são chamados.

Queira você aceitar isto ou não, o mercado é implacável com estes sinais de inconsistência no histórico profissional.

Certamente que ninguém está obrigado a ficar em um emprego por 5, 10 ou mais anos. Utilizamos nosso livre arbítrio com tudo a que temos direito.

Minha percepção é de que o profissional deve e precisa cuidar melhor de sua carreira, pensar e planejar em longo prazo. Fazer escolhas estratégicas e não pensar apenas no final do mês.

Não é uma tarefa das mais fáceis, reconheço, principalmente para quem já passou dos 40.

Trata-se mais de uma questão de hábito saudável e recomendável a ser adotado ou simplesmente ignorado este de cuidar da carreira de uma forma a usufruir de excepcionais dividendos futuros, e não apenas esperar o justo salário ao final do mês.

Claro fica, portanto, que o ato de se demitir ou ser demitido, tem na sua contra mão ações que demonstrem o poder de resiliência do profissional, a capacidade de tudo suportar e o uso de sua paciência ao extremo.

Some a isto o poder de persuadir e convencer líderes e liderados, a perspicácia de perceber oportunidades onde ninguém as vê, o faro e olho clínico para diagnosticar problemas e oferecer soluções entre outras ações.

14 comentários:

Anônimo disse...

Mauro, gostei da análise. Encaixa-se muito com minha situação, apesar de ter "pipocado" menos, tenho esta situação em minha carreira, é uma pena e sinto que o mercado pune veementemente estes profissionais, sem ao menos buscar entender os motivos e razões pelas quais saímos de empresas com menos de 2 anos ... e por vezes nem se atentam a quantidade de realizações feitas neste período em cada trabalho.

Agradeço pelo enfoque dado eliminando uma quase certeza que eu tinha.

Fabio Moraes

Anônimo disse...

Mauro, perfeito na sua colocação. Mas o que eu faço agora? Tenho 48 anos e uma experiência internacional que poderia ajudar muita gente. Vistir o pijama não é comigo! Fazer um concurso? Abrir uma microempresa? Te juro, estou um pouco perdido

Anônimo disse...

Não concordo com essa análise, a fidelidade do capitalismo não existe em ambas as partes, quando o profissional esta fora do mercado aí vem as punições!!! e quando os Headhunters buscam pessoas que estão trabalhando? aposto que vocês não perguntam quanto tempo de trabalho ele está desenvolvendo na empresa, expoe o projeto e se ele aceitar muito bem!!! todos ganham com isso... o mundo dos sonhos não existe!!! existe a ambição natural das coisas, não tem relação o tempo e sim a energia depositada em cada projeto!!! pode ser 1 mes, um ano, seis meses... não importa!!! o investimeno da empresa geralmente fica com projetos curtos... tudo é EXPERIÊNCIA... o mercado brasileiro não me assusta, pois ele despreza os mais experiente alegando "velho" para o mercado!!! que hipocrisia, é por isso que ainda não saimos do amadorismo profissional, agora cá pra nós... você sitou o mercado... que "piada" quanto o mercado nos dá em credibilidade? não vejo coerência, como diz a frase: "Toda a hunanimidade é burra"

Anônimo disse...

Se o mercado enxerga desta forma, então cabe a nós mudar esta visão. Não tem uma resposta certa. Cada profissional tem um histórico, e a empresa que trabalhou também. Da mesma forma que, se vejo um profissional por muitos anos em uma mesma empresa, posso inferir que esta pessoa possa ser uma pessoa acomodada ? Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, para avaliar deve-se ter a composição do todo, usando as ferramentas adequadas.

Anônimo disse...

Só complementando o comentário no2, o que fazer? Dar um tiro?

Fernando Souza Duarte disse...

Mauro,
Sou mais um nessa situação, e em cima dos comentários postados, tenho a mesma sensação: toda a generalização é passível de injustiças, me parece mais que hoje em dia, pelo grande oferta de candidatos, 'fabricam-se' verdades para facilitar o trabalho de seleção e de descarte de candidatos, mas será que não é injusto ? Esse padrão não prejudica a qualidade da escolha ? Com a pouca paciência de empresas com profissionais e falhas, uma pessoa que fica mais de 10 anos em uma mesma empresa é coerente enxergá-lo como não competente ??
Abraço
Fernando Duarte

Anônimo disse...

Tenho 54 anos e após 18 anos em uma mesma empresa, me encontro desempregado a 5 meses. Tenho grande experiência, mas minha situação no momento é a mesma do n. 2. O que fazer ???

Anônimo disse...

Mauro, a tua colocação se encaixa mo meu caso. Em 19 anos, estive no grupo Credicard, sendo os últimos 18 meses, como mudança de emprego, no Citibank. Isto aconteceu por mudanças na administração, venda de parte do negócio, fusões, reestruturações.........etc. Quando me dão chance tento explicar, porém, isto é pouco frequente.
Estou com 49 anos de idade, 30 de contribuição ao INSS. Pela primeira vez estou desempregado e sem perspectivas. Confesso que ainda não sei o que fazer.

Carlos Artur de Andrade disse...

Maurão, tente entender minha geração, decadas 70/80/ onde começamos a perceber que não mais se "amarrava cachorros com linguiça", pois, até então, você ser estável em uma empresa, ser parte de "seu ativo", era mérito e não sinal de fraqueza. Com o famigerado "milagre brasileiro", do "grande economista"(em minúsculo, mesmo) Delfim Netto, este senhor, famigerado, mudou o conceito de que todas as gerações laborais, até aquele momento, estava completamente errada.
Deu no que deu: Desempregos, desestabilidades pessoais e empresariais, inflação, e assim por diante.
Quanto a nós, profissionais da época, nos vimos na rua, com um mundão lá fora ao qual não tínhamos acesso ou um minimo de conhecimento, pois não fomos preparados para tal.
Então, concluindo e divergindo um pouco de sua análise, vejo que o título que utilizou "Quanto Tempo", deveria ter sido orientado aos profissionais da época, como: "Por que tanto tempo ???
Talvez nós tivessemos nos preparado melhor para um mundo exterior, real e assustador.
Abraço,
Carlos Artur de Andrade

Anônimo disse...

Mauro, boa tarde.



Eu também tenho uma vasta experiência, não internacional, mas sei que poderia ajudar muita gente. O que eu faço? Tenho 44 anos, sai da minha última posição como CIO em maio de 2008 e até agora não consegui recolocação. Trabalho um projeto particular pra poder sobreviver. Será que tem alguma coisa errada comigo?
Fernando

Anônimo disse...

Mauro, você é o CARA !
Já pensou em fazer um livro com seus pensamentos?

Anônimo disse...

Não sei se estou certa...Mas acredito que após tantos anos em um mesmo lugar, criamos um comportamento próprio que talvez não seja ruim, mas deve-se ao procurar um novo emprego, lugar que tenha hábitos semelhantes...assim será mais fácil adaptar-se e ser aceito...simples...uma questão de encontrar o lugar certo...na hora certa. abs Maria

Anônimo disse...

Mauro e pessoal Olá
Estou chegando...
Fernando uma opção que nunca deve ser deixada de lado é aceitar uma posição menor porém não sair do mercado ( o tempo passa rápido). Não é fácil porém rapidamente podemos mostrar nosso valor e eventualmente até sermos reconhecidos no local ( apesar de todo nosso amargor com o "mercado" )
IBRAHIM

Anônimo disse...

Pois é, Mauro!

nem sempre é como pensamos.

Se por um lado a empresa já nos considera seu "ativo", nos premiando com "etiquetas numeradas", existe o lado pessoal e profissional.

Após um longo tempo já conhecemos todos os detalhes, projeções, saídas estratégicas, e por que não dizer até os pensamentos dos nossos superiores.

Quando damos um passso em direção à nova empresa, seja o motivo qual for, também damos um passo em direção à incerteza, sob dois aspectos:

- a posição que nos estão "vendendo" é realmente a que foi apresentada?
- quais novos desafios de mentalidade e de profissionalidade encontraremos?

é óbvio que poderíamos divagar em outras percepções, mas o importante é que, qualquer profissional de Recursos Humanos também deve levar em conta que alguém que se dedicou longo tempo a uma empresa, não estava lá por comodiade do seu superior, mas por sua capacidade funcional e profissional.

Se por acaso estes "picos suíços", como você bem o descreve, ocorrem na vida deste profissional, algo deve ter acontecido.

Como fazer, então, se:
mudamos para uma empresa, e esta decide encerrar suas atividades?
o proprietário da empresa, nos contou uma versão "light" da real situação?
não estamos congruentes com a índole da empresa?
não estamos conformes com o tratamento diferenciado entre os funcionários?

ou outras situações que cada um poderia acrescentar de acordo com sua experiência profissioanal.

É com certeza muito estranho o headhunter descartar um profissional que apresenta tais picos. Demonstra que não está apto a entender a real situação e encontrar o profissional adequado àquela empresa, que naquele instante é sua cliente.

Tenho um amigo que saiu de uma empresa fantástica, não por razões próprias, mas por infortúnio da crise financeira. A razão desta saída? Experiência anterior. Já tinha ficado um longo tempo desempregado.

Não se trata apenas de ter o salário no fim-do-mês, mas trata-se de não deixar a sua família passar fome (que foi o que ocorreu anteriormente).

Nesta mudança, também não se deu muito bem... Num artigo posterior a este, você o classifica como o "Azarão".

Quem sabe, a mudança de pensamento do headhunter, olhando mais para o lado:
o que este funcionário escreve?
o que este funcionário oferece?
o que este profissional pode trazer á empresa cliente?

traga uma mudança de vida para este "Azarão" e ele "dê sorte na vida".

Querendo rebater mesmo o teu artigo: Mauro, depende de vocês, headhunters.... tem muita gente boa no mercado procurando se acertar. Realmente não é legal para o profissional começar tudo de novo.

E eu lembro bem quando conversamos a primeira vez: Esta percepção você tem, dando ao profissional pelo menos uma noção do dia-a-dia que vai encontrar.

Mas lá vai meu pedido: não descarte o "Azarão", analise-o.

abraços