Meio que adormecido no sofá da sala, após um dia desgastante, minha mente é invadida por cenas de um filme já vivenciado por muitos.
Abre-se uma porta e ouve-se: “... Meu bem... mais duas entrevistas hoje... estou confiante! ”.
A cena prossegue, com flashes de um final de ano de alguém desempregado, sem esperança, sem confraternização, sem 13º. salário; lá se vão os bônus, a esperada troca do carro (mais uma vez!), a viagem de férias cancelada, entre outros mimos.
Um cortante close mostra como é difícil encontrar palavras para contar aos filhos que no próximo ano estudarão em colégio público, dentre outras reduções drásticas nos gastos.
Num piscar o que parecia ficção é agora pura realidade.
Outra tomada e, passa-se à diuturna gestão financeira de uma companheira que diante da escassa colheita e como se tocada fosse pela sabedoria Divina, prioriza suas ações, tudo anota e tudo controla, procurando esticar no que pode seu justo e sagrado salário.
A cena é dúbia, ora um sonho, ora um pesadelo, mas a companheira reúne forças e com palavras de incentivo afaga e mantém o eixo da família tentando administrar cada um na sua necessidade. Uma perfeita gestora de pessoal em pleno lar.
Nos bastidores projeta-se uma cena onde se ouve soluços somados a incontáveis lágrimas. É a companheira nos seus solitários questionamentos do “por que tudo isso meu Deus?”, e na sua temperança e bondade nos gestos, silencia fechando-se em copas.
De repente acordo assustado. Olho ao redor e me dou conta de que não foi apenas um pesadelo, mas flashes de um passado não muito distante.
Sentado, enxugo o suor do rosto; reflito, pondero e concluo que não podemos negligenciar nossos valores pessoais, familiares e tão pouco abandonar nossas crenças.
Amanhã será um novo dia e uma certeza paira no ar; a de que não será o fim de nossos sonhos, pois sempre teremos uma nova chance.
Tudo depende de nossa atitude, comportamento e comprometimento.
4 comentários:
Mauro,
Isso é a realidade de muitos executivos que se acham preparados, mas ao perder o emprego encontra dificuldades na realocação.Esse sonho é a realidade principalmente em fusões Bancarias, quando o pessoal do que foi comprado é colocado na marca do Penalti, com direito a vários cartões vermelhos, e sem oportunidades de defesas. ahahahah
Execelente artigo .Parabéns.
Zanoni
Mauro,
Artigo muito realista com meus dias, especialmente na faixa dos 50anos de idade, como é meu caso.
Concordo que não devemos esmorecer em nossos objetivos, em nossas crenças, pois sómente a nós pertence o futuro!
Nem todos dispõem de companheira sensível e paciente para conduzir essa fase da vida conjugal de forma a evitar desagastes maiores.
Sou felizardo, mas ainda triste pelo mercado desprezar pessoal mais experiente.
Tenho fé, sei que meu dia chegará.
Abs
Caggiano
Estar empregado ou desempregado reflete muitas vezes não apenas um aspécto de competência profissional, boas ou más qualidades do perfil individual de cada um, mas em muitos casos, circustâncias, aspéctos e condições econômicas e políticas que influenciam o mercado como um todo e não apenas um undivíduo ou entidade.
Todavia a forma com que cada um encara este fato (estar ou não empregado) tem muito haver com sua bagagem de vida, capacidade de absorver e gerenciar de forma construtiva esses desafios. Logicamente, o profissional maduro emocionalmente, com plenas convicções de seus valores e capacidades encará essa fase como mais um desafio e talvêz como uma alavanca para ascender à uma nova fase mais produtiva e prazeirosa, ou ainda como uma forma de reavaliar seus pontos fracos e fortes e se reestruturar para novos projetos.
O auxílio e ajuda da família neste momento é crucial, mas isso também será fruto do bom relacionamento que tiver nutrido com seus familiares, amigos e "networking". Em fim é necessário encarar tais fatos como naturais e parte de um processo de aprendizado e por outro lado, olhar para a entidade ou empresa como um ser que sofre mudanças e que tem a obrigação de se sobresair aos desafios econômicos, sociais, etc.
Alguém já paraou para pensar se seu chefe não se sempre meio "desempregado" quando você, o funcionário mais competente pede demissão ? Ou então quanto seu melhor cliente lhe comunica gentilmente que está encerrando o contrato por causa de um outro fornecedor com melhores condições ou vantagens ?
E aí ? De um lado, nós temos nossos compromissos, rotinas etc. afetados e de outro a empresa com suas despesas , encargos etc.
Creio que e melhor estratégia é termos reservas, sejam elas financeiras, de otimismo, amizades, cultura, conhecimento profissional, fé em Deus e de bom humor. Só assim atravessaremos os desafios com segurança ! Lembramos que a tempestade derruma primeiro as árvores com raízes e estrutura fraca.
23/11/2009
Uraci
Caro Mauro,
Este comentário é extremamente realista e retrata perfeitamente a minha jornada de 10 anos em uma empresa, realizando um bom e reconhecido trabalho, com a ilusória sensação de viver eternamente em uma zona de conforto profissional.
Hoje, em disponibilidade, tendo lido o seu artigo, não posso deixar de lamentar não ter tomado uma atitude enquanto estava em "porto seguro".
Parabéns pelo artigo!
Abs
Sergio
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